sábado, 18 de agosto de 2018






                           Teodor Currentzis, rege Dmitri Kourliandski, em The Riot of Spring.     
                          
                       Esta é uma verdadeira obra revolucionária. O erudito saiu de seu nicho e foi até o povo e mostrou que todos nós somos capazes de sentir a música e extrair sons de um instrumento. Voltei à infância ouvindo o cantar dos carros de bois. Era isto aí mesmo. Uma melopeia incrivelmente agradável aos ouvidos, não cansávamos de ouvir. Assim, o trabalho de Curretzis, assim a obra de Kourliandski. Maravilha. Quem nunca pegou num instrumento se viu de repente tocando numa grande orquestra. O mais interessantes é que por mais tosco que tenham sido os sons extraídos dos instrumentos, eles se integravam tranquilamente no espírito da obra. Uma nova visão de regência de orquestra. Me parece ser a mais audaciosa no que tange à participação do público. 

sábado, 11 de agosto de 2018

PRENDAM O ANTONIO CANOVA




                                Será que o MBL vai exigir que eu corte o pinto de Perseu? Ou vai gritar na porta do Blogspot para que se apague esta imagem indecente, corruptora de nossa juventude? 
                                 Para salvar minha pele, vou delatar, está na moda delatar, delator virou herói, antes era dedo-duro. O degenerado que fez isto foi um tal de Antonio Canova. Vocês devem se apressar em prender este sujeito que está à solta, fazendo todo tipo de imagens imorais para perverter nossa juventude. Uma dica para encontrá-lo. Ele é tirado a intelectual e frequentador de barzinhos de intelectuais, pintores, escultores, escritores, poetas, atores e dançarinos. Tenho certeza que vocês, que são muitos inteligentes, na sua busca vão terminar por prender muito mais desta gente que se diz artista, mas que em realidade não passa de corja de degenerados que chafurdam em toda espécie de vício. Espero, assim, que vocês, salvadores da pátria nos livre desta praga, o mais breve possível. Cadeia, prisão perpétua, sem direito a advogados, estes também que não passam de defensores de ladrões e toda espécie de criminosos. Que nossos juízes e promotores, ajudados por vocês, idealistas do MBL, ponham todo mundo na cadeia e lá fiquem incomunicáveis até que possamos aprovar a pena de morte, a prisão perpetua e trabalhos forçados para esta turma degenerada. Prendam este acadêmico degenerado. E pode? ser acadêmico e degenerado?
                                            

quarta-feira, 8 de agosto de 2018

ALBERTO NEPOMUCENO IMPROVISO OPUS 27 Nª 2







                       
                                               Este é o improviso opus 27 nº 2, de Alberto Nepomuceno executado por Loraine Balen Tatto, cuja interpretação acho uma melhores. Muitos acham esta peça parecida com obras europeias, como Shumann, entretanto, a execução de Loraine mostra a brasilidade da  obra num compasso na medida certa, sem exibicionismo de agilidade que desvirtuasse o espírito do compositor.
                                 Nepomuceno nasceu em Fortaleza em 6 de julho de 1864, faleceu no Rio de Janeiro em 16.10.1920. Tido como pai da canção de câmara brasileira, lutou pela utilização do português, como recurso para nacionalização da linguagem musical.
                                     Em 1872 foi morar em Recife. Lá estudou piano e violino,  entrando em contacto com  professores e estudantes de direito, mantendo grandes discussões sócio-filosóficas de vanguarda, quando passou a defender causas republicanas e abolicionistas, sem contudo, deixar seus estudos musicais.
                                      Em 1887 compôs a Dança de Negros, com motivos afro-brasileiros, depois denominada Batuque, período em que compôs também Mazurca, Une Fleur, Ave Maria e Marcha fúnebre.
                                       Em 1988 foi estudar na Europa, primeiro em Roma, depois em Berlim, onde estudou, naturalmente alemão e composição.
                                          Casou-se em 1893 com a pianista Walberg Bang, aluna de Edvard Grieg, compositor norueguês, representante do nacionalismo romântico, quando foi morar na casa de Grieg em Bergen. Foi o nacionalismo romântico de Grieg que influenciou Nepomuceno que passou a se interessar pela cultura brasileira.
                                             Foi para Paris estudar órgão, em 1894, onde conheceu Saint-Saëns, Charles Bordes, Vincent D´Indy, e outros intelectuais e compositores, tendo composto, a convite de Charles Chabault, professor de grego na Sorbonne, a música incidental para a tragédia Electra.
                                                   Em 1895, em concerto histórico, apresentou pela primeira vez, no Instituto Nacional de Música, várias canções de sua autoria, em português, quebrando o uso do italiano e francês, iniciando, desta forma, a luta pela nacionalização de nossa música erudita, contrariando os críticos que diziam ser o português inadequado ao bel canto.
                                          Esta luta foi ampliada com o início de suas atividades na Associação de  Concertos Populares dirigido por ele, durante dez anos (1896/1906), período em que promoveu os compositores brasileiros. Em 1904 publicou a coletânea de canções em português, com sucesso relativo, em razão do costume em ouvirem as pessoas somente o canto em italiano.