quarta-feira, 21 de outubro de 2015

ÓPERA DO MALANDO










Vi, domingo passado a Ópera do Malandro de Chico Buarque de Holanda, pela Cia. Barca dos Corações Partidos, com direção de João Falcão, no Teatro Castro Alves, mas só agora pude me deter para dizer das minhas impressões, que, espero, sirva de norte para as futuras plateias deste Brasil afora. Achei, de início, um pouco frio o espetáculo, falto de ritmo, mas com o seguir, como num crescendo, de morno foi-se tornando quente com o ritmo que se espera de um musical. O segundo ato volta com todo vapor, e parece que os atores, ainda fatigados da sessão da tarde, voltaram com novo ânimo e o espetáculo atingiu seu ápice.

João Falcão é inegavelmente um grande diretor. Não é muito fácil escolher um elenco masculino para fazer papeis femininos, sem cair na caricatura. E foi justamente este um dos pontos altos da direção. Atuaram os atores como um coro, cujas vozes formavam um todo,  sem a preocupação de se sobrepor uns aos outros, embora, seja natural que um possa aparecer mais do que outro.

Um espetáculo, sem muita enfase no efeito do distanciamento, mas, brechtiano na interpretação do texto e das canções, no cenário e na iluminação com tinturas do construtivismo,  visível em suas formas geométricas e luz quase fria e neutra.

É um espetáculo que agrada a qualquer pessoa e por isto deve ser visto e até revisto por todos, mesmo aqueles que nunca tenham pisado num teatro. 

Quem é do Recife corra ao Teatro Guararapes pois há espetáculos no dia 24/10/2015 - Sábado às 17 e 21 horas.



quarta-feira, 26 de agosto de 2015

CARMINA BURANA NO TCA


Acabo de assistir a cantata "Carmina Burana" do alemão Carl Orff no Teatro Castro Alves com a orquestra  NEOJIBA na regência do maestro Eduardo Strausser.

O teatro estava lotado, com uma plateia barulhenta que não respeitava os dois palestrantes que se esforçavam por explicar a peça, mesmo que pedido silêncio. Isto demonstra que o brasileiro, espectador de novelas e futebol, ainda andar muito para alcançar o clima de uma obra de arte.

Foi um lindo espetáculo, embora tímido. na minha opinião um pouco tímido. Faltou, talvez, um pouco mais de ousadia na interpretação da cantata que sabemos ter sido escrita obedecendo ao espírito medieval dos goliardos, onde imperavam a sátira, a paródia a licenciosidade, mas também a crítica à igreja e seus prelados corruptos e licenciosos.

Este espírito, acredito,  é o que faltou na interpretação tanto da orquestra, como dos coros e dos solistas, ressalvando-se o barítono Marcin Habela que trouxe uma interpretação mais satírica dentro do espirito dos manuscritos de Beuern.

Mais, repito foi um lindo espetáculo e é pena que se gaste tanto tempo e dinheiro para levar à cena um espetáculo deste e se o  veja somente por um dia. Merecia uma temporada mínima de uma semana.


segunda-feira, 24 de agosto de 2015

A BABILÔNIA DA GLOBO


A Globo criou uma babilônia da qual ela não sabe sair. Para tomar de Beatriz seu poder na Souza Rangel, um diretor, seu procurador, vende  para terceiros, sem o menor pejo, todas as ações da empresa e ela perde a presidência. 

Ou seja,  a globo apresenta como solução de justiça para Beatriz, uma maníaca viciada em matar pessoas de quem se aproxima, uma prática ilegal, imoral e sádica, que é trair a confiança de quem lhe deposita confiança. 

Parece que a Globo quer dizer que o mal só se vence com o mal, ou em outras palavras, um erro justificaria outro.

Não é sem razão que a Globo prega o golpe de estado. Para acabar com uma ilegalidade, no caso, a corrupção, outra ilegalidade, o golpe de estado.

Não estaria aí escondido o real motivo porque a globo combate a corrupção? Não são os milhões que a Globo deve à receita federal, de cujo processo aliás, fala-se que se deu sumiço.

Quem seguir as novelas, aliás tecnicamente bem feitas, melhor mesmo que os enlatados americanos, e outros enredos da Globo com atenção, verá que seus trabalhos tem uma orientação política muito bem direcionada.

Com escritores com muita facilidade de comunicação com o grande público, conscientes ou não,  estes senhores estão mais a serviço da Globo que a do próprio publico, a despeito de  ser toda emissora de tevê, uma concessão pública e por esta razão, estar a bem do serviços público e não de interesses particulares, mesmo que em sistema capitalista.

Não é atoa que países como a Inglaterra e a França tenham um sistema de tevê altamente controlado pelo Estado.

Aqui, jornalistas mais frequentadores de botecos que de bibliotecas, pugnam por uma liberdade de expressão que eles não sabem, nem fazem questão de saber o que é, porque satisfeitos com o salário de fome e com um crédito na reportagem, garantidor da autoria de artigo, mesmo que este seja reescrito pelo copy-desk, ou ainda uma reprodução de outras mídias.

Engraçado, a reviravolta que a Globo deu à Babilônia não convenceu totalmente. Otávio como matador de Murilo e depois Inês e Beatriz na cadeia tampouco, sobretudo a prisão da Inês pelo crime que não cometeu, a não ser que a Globo queira dizer que a justiça também erra e portanto o julgamento do mensalão foi um erro, como o julgamento da Lava Jato pode ser outro erro judiciário.

sábado, 14 de março de 2015

E O IMPÉRIO ACABOU


Hoje acabou (o) a Império da Globo, ou melhor, ontem pois que hoje foi apenas um repeteco do final, como se os personagens estivessem com saudades da vida que levavam. Já falei, (eu não morro de paixão pela Globo) que as novelas da Globo estão cada vez melhores e que são muito mais importantes que os enlatados americanos, pelo menos tratam de coisas nossas, de nossa realidade. Império teve um final quase cinematográfico, digo quase porque as demoradas cenas na fábrica abandonada perderam um pouco de um esperado suspense. Dir-se-ia que o diretor fora um mal aluno de Hitchcock.